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Malhando o cérebro

A cabeça é igual a um paraquedas. Só funciona quando estiver aberto

25/06/2023 às 21h42 Atualizada em 25/06/2023 às 21h50
Por: Redação 4
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Foto: Internet
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Por Isnard Manso Vieira

Já se sabe, de há muito, que o cérebro é igual a qualquer outro órgão humano. Ele precisa de exercícios, de atividade, de massa crítica para continuar vivo, funcionar, elaborar soluções para os vários tipos de problema.

Não é por acaso que ele é formado por 65 bilhões de neurônios que fazem sinapses a todo instante, processando milhares de informações que vão sendo armazenadas no nosso dia a dia. Existem centenas de exemplos de pessoas que atingiram a longevidade, de forma lúcida, criativa e produtiva, graças à atividade constante e ao bom funcionamento do cérebro.

Hoje em dia, centenas de pessoas na terceira idade, ficam preocupadas achando que estão com senilidade ou Alzheimer, porque se esquecem de certas coisas, demoram a se lembrar de outras, trocam nomes, o que causa um desconforto enorme.

Entretanto, nem sempre esses lapsos, essas falhas são doença. Muitos casos, é por excesso de informação. O cérebro fica supercarregado de dados e aí a memória tem dificuldade de funcionar normalmente. Uma criança hoje, de 6 anos, tem mais informação do que Sócrates, Platão e Aristóteles juntos.

A Neurociência já provou ser o cérebro determinante em tudo o que acontece no nosso corpo. (Não vamos entrar aqui na concepção das doenças originadas pelo espírito, que seria uma outra vertente desse assunto. O fato é que as doenças nascem nele, se desenvolvem a partir dele e é nele, também, que surge a cura delas. E é tão admissível isto, a partir do momento em que entendermos quão mal conhecemos o nosso corpo e, muito particularmente, nada ou quase nada, o nosso cérebro.

O mistério que ainda o cerca, as crenças e fantasias que são estimuladas - a partir do desconhecimento de seus mecanismos, - as dificuldades de pesquisa, até em função de custos, a falta de matéria crítica mensurável e todo preconceito que envolve o assunto, atrasam e dificultam o autoconhecimento e o avanço do homem, enquanto ser pensante. O homem é o único animal na face da terra que tem emoção, pensamento, ideia, capacidade de criar e de fazer avaliações, além de ser o único, também, que consegue transformar o seu ambiente de forma consciente. Até para o mal, mas de forma consciente.

Todas estas reflexões vêm a propósito do novo buchicho no mercado, em cima do Brain Gym ou da Malhação Cerebral, “uma academia de ginástica” para o cérebro.  É incrível como que gostamos e apreciamos malhar o corpo, aperfeiçoar músculos, destacar outros, ter saúde física, ingerir alimentos que vão repor energias gastas, estudar e entender que o nosso corpo precisa de nutrientes, suprir carências alimentares, ter momentos de repouso, de sono, ingerir bastante água e tudo o mais que é necessário para que o corpo funcione bem e sem problema. Mas não temos a mesma visão, nem a mesma disposição quando o assunto é o nosso cérebro, o nosso bem-estar pensante, a nossa saúde mental, a nossa capacidade de conceber ideias, sonhos e projetos.

Negligenciamos esta parte da nossa vida porque não nos apercebemos de o quanto tudo está integrado: corpo, mente, espírito, emoção, sentimentos, lembranças, memória, saudades e tristezas. Estes elementos tão diferentes entre si e que nem sempre somos capazes de defini-los, trabalham intimamente ligados e são interdependentes.

Nos dias de hoje, se opondo ao paradigma Cartesiano (de ver as coisas separadas, em estudar as partes para se entender o todo), já predomina o paradigma Holístico, onde o Todo é visto como o entrelaçamento das suas partes, amalgamadas no mesmo anseio e no mesmo amplexo. A Holística é a visão de que cada coisa tem a ver com a outra coisa e de que cada parte depende da outra parte, influenciando ela e recebendo influência dela.

A partir deste paradigma temos a constatação de que as doenças nascem no nosso cérebro e são produzidas por ele. Ele é tão capaz, tão forte, tão potente, que produz as “endorfinas” (de dentro, internas) para nos aliviar das dores, nos dar estímulos, nos motivar ou nos provocar o sono para o descanso. Em uma situação de perigo, de ameaça, de tensão, o laboratório químico do nosso corpo produz adrenalina - uma morfina estimulante que, em certas situações nos impele para o ataque ou para a fuga; em outras, faz coagular o sangue para que ele não se escoe. Se ignoramos estes mecanismos, imagine o quanto nos tornamos presas fáceis das armadilhas que a vida nos prepara.

Portanto, ao mesmo tempo em que malhamos o físico para que ele tenha força, saúde e nos permita autossuficiência no terreno material, devemos ter a mesma postura e a mesma disposição para malhar o cérebro. Devemos botá-lo numa academia para que a memória ganhe maior dimensão, mais poder, mais capacidade de armazenamento, mais velocidade, para que as ideias se tornem melhores, para que aprendamos a não guardar mágoas, rancores, ressentimentos, cultivar espírito de vingança; para que aprendamos a controlar a ira, o ódio, elevar o nível do pensamento, criar com mais facilidade, em maior quantidade e qualidade.

Nessa academia vamos ser estimulados a ler mais e muito. Ler bons autores, evitar as “drogas literárias” - mais prejudicais que qualquer opiáceo, beber nas fontes que construíram boas e bonitas histórias e que se tornaram clássicas pela qualidade universal que foi emprestada a elas; ouvir música - principalmente aquela que educa os ouvidos, que mexe com as entranhas e que nos faz sentir efetivamente melhores; dançar - inclusive para aprender a dançar a dança da vida, desenvolver o jogo de cintura e entender que a dança é uma atividade que envolve duas criaturas onde nenhuma vai ser ganhador de nada (os dois é que ganham); cantar - mesmo que o canto saia desafinado, mas onde a vibração das cordas vocais faz vibrar todo o corpo e faz bem à alma.

A vibração é energia que relaxa e ajuda todos os órgãos a trabalharem melhor. Cultivar a alegria e aprimorar o uso dos órgãos dos sentidos: os olhos não foram feitos só para enxergar. Eles servem basicamente para ver - e tem gente que não vê bem por que tem miopia na alma. Aprender a ouvir, é uma obrigação. Inclusive aprender a ouvir, usando o ouvido interior. Aquele ouvido que ouve estrondos e barulhos de canhões, é um ouvido bruto, endurecido, com baixa percepção. O ouvido malhado, desenvolvido, tem a capacidade de ouvir a voz do silêncio.  

O apêndice nasal não deve ser só um atributo da face. Ele é um órgão para captar essências, perfumes raros e pode ser muito mais sensível e competente do que é. Mas nós não o estimulamos a se tornar melhor para perceber aromas sutis que nos envolvem. Nossa pele é capaz de captar toques sensíveis e responder a eles com leves arrepios.

Mas nós a embrutecemos porque não nos educamos para receber os sinais que ela capta e só nos apercebemos quando o contato é impactante: uma queimadura, um esbarrão, uma pancada. Hoje, nem os afagos que nos chegam de forma doce, suave, delicada, são percebidos.

E nem vamos entrar no detalhe das mensagens que vem através da glândula pineal -um instrumento sensível no meio do nosso cérebro que nos liga com o mundo Cósmico. É ela, a pineal - o nosso órgão mais sutil, mais capacitado para receber os sinais mais invisíveis que todos os dias chegam até nós, vindos de fora. E tão cegos, por falta de “malhação do cérebro” não nos apercebemos dos potenciais imensos que existem na nossa caixa craniana. 

Quando nos matricularmos na Academia de Malhação do Cérebro, vamos ver o quanto os exercícios nos serão benéficos. Vamos brincar de fazer palavras cruzadas, vamos nos distrair mais com amigos, parentes e colegas, vamos sentir o coração bater mais solto, vamos chorar mais de emoção e, a cada momento, vamos nos integrar mais à natureza. No meio disto, vamos nos tornar mais solidários, ampliar nossos sentimentos, ajudar mais as pessoas, pensar mais coisas positivas, desconstruir preconceitos e descobrir que temos potenciais imensos para serem explorados.

Este é um tempo de mudanças. Nunca se mudou tanto, tão rapidamente, em tantas frentes, com tanta velocidade, como nos tempos de agora, nestes tempos de 3º Milênio, na Era de Aquário.

E em tempos de mudança é de fundamental importância que exercitemos mais a Criatividade. O paradigma que predomina, o Cartesiano, há mais de 400 anos, já se demonstrou exaurido. Este é um tempo Holístico. Que exige pensar diferente. Já disse Voltaire, o grande enciclopedista, nos tempos do Iluminismo e da Revolução Francesa: “Criatividade é como barba. Só a tem que a deixa crescer”.  Este é o tempo de abrir nossas cabeças. É tempo de pensar menos no Ter e mais no Ser.

 

 

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rubens pereira ferreiraHá 2 anos Poços de CaldasQue alegria ter a oportunidade de ler os textos desse querido primo! Admiro muito seu trabalho! Sucesso sempre!
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