Guilherme Abraão
Poder votar era um sonho dos jovens nos anos 1980, que sonhavam com o fim do regime ditatorial. Depois de pressionar a sociedade e parlamentares, articulados em entidades como a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e a União Brasileira dos Estudantes (UNE), a conquista veio com uma emenda aprovada pelos deputados constituintes com 355 votos (98 contrários e 38 abstenções). “Chegou a nossa vez, voto aos 16!”, gritaram centenas de jovens que lotaram a Assembleia Nacional em 2 de março de 1988, quando pela primeira vez a juventude brasileira conquistou o direito de ir às urnas para escolher seus representantes políticos.
Em 2015, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) criou a campanha “Semana do Jovem Eleitor”. É o período que o portal do TSE e tribunais regionais e redes sociais de toda a Justiça Eleitoral publicam conteúdos direcionados aos jovens, aqueles eleitores aptos, mas que ainda não possuem título eleitoral, mesmo sendo um direito, muitos jovens regularizam a emissão após completar 18 anos, e desperdiçam a possibilidade de participar das eleições.
Segundo dados do TSE, o número de eleitores aptos de 16 e 17 anos no Brasil caiu 53% desde 2013, ano das jornadas de junho, série de manifestações protagonizada por jovens e com ampla pauta de reivindicações, incluindo o congelamento das tarifas do transporte público.
Em 2022, a Semana organizada pelo TSE ganhou reforço de artistas nacionais e internacionais, com a cantora Anitta, ou dos rappers Rael e Criolo que subiram ao palco principal do festival Lollapalooza 2022 com camisetas que mencionaram a importância de emitir o título e votar nas eleições gerais deste ano. O festival reuniu mais de 300 mil pessoas em São Paulo, e se transformou em grande plataforma de protesto contra o governo federal, chegou inclusive a ser alvo de uma medida judicial que tentava impedir manifestação dos artistas, tudo em vão, o tom subiu e ganhou ainda mais destaques nos palcos e nas redes sociais.
Na reta final do prazo para emissão, a campanha ganhou destaque mundial com post do ator Leonardo DiCaprio, que também se pronunciou pedindo aos jovens brasileiros para tirarem seus títulos de eleitor no prazo.
E foram muitas as iniciativas, destacando a ida às escolas de jovens voluntários para ajudar colegas na emissão de forma virtual, até mesmo a busca aos cartórios eleitorais, que inclusive registram filas longas. Entretanto, o movimento forte se deu nas redes sociais.
Segundo dados do Twitter, foram publicados durante a mobilização cerca de 6,8 mil tuítes com esse tema, que chegaram às telas de mais de 88 milhões de pessoas. Mais de 4,7 mil usuários da plataforma participaram da iniciativa, seja com publicações próprias ou com a retransmissão de postagens feitas por pessoas a quem segue, este tuitaço foi registrado na semana organizando pelo TSE.
Ao final da intensa mobilização, entre janeiro e abril deste ano, o país ganhou de 2.042.817 novos eleitores entre 16 e 18 anos, um aumento de 47,2% em relação ao mesmo período em 2018. Em Alfenas, foram 1260 novos pedidos que seguem em análise dos técnicos da justiça eleitoral.
Em outubro teremos eleições gerais, e estes novos eleitores serão decisivos, irão votar pela primeira vez, estão curiosos e ansiosos, ainda mais após esta forte mobilização, e certamente irão pesquisar e cobrar por boas propostas dos candidatos, temas como geração de emprego para juventude, proteção e defesa do meio ambiente e apoio a educação são temas próximo das realidades deles, agora é ver como políticos e partidos irão se comportar diante dos novos e antenados eleitores.
* As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião deste portal de notícias.
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