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O seu guia de votação para não cair no conto do herói

É claro que sempre esperamos que pessoas realmente engajadas tenham sucesso nestas eleições e que cada vez mais os animais sejam protagonistas no cenário político e assim possamos construir uma sociedade mais justa para todos

03/09/2024 às 20h24 Atualizada em 03/09/2024 às 20h46
Por: Redação 4
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Foto: Gerada por IA
Foto: Gerada por IA

Por Renata Santinelli

Durante muito tempo “aquela turma de gosta de bicho” foi vista pelos políticos quase como uma alegoria. Nas cidades a gente ouviu muito o “lá vem aquelas meninas que gostam de cachorrinho”.

Nas tentativas de diálogo, muitas vezes a gente escutava que a gente não sabia o que queria, pois cada uma falava uma coisa. Usavam das desavenças (que são comuns em qualquer área) para justificar sua omissão: “vocês só brigam”, enfim. Fora o show de misoginia que sempre rolava. Eu mesma ouvi uma vez de um vereador que eu deveria “arrumar um marido e parar de me preocupar com bicho”.

A questão é que a proteção animal é uma área transversal e que perpassa por vários assuntos ao mesmo tempo. Por isso que a gente (e na ansiedade de ver algo mudar) chegava neles com um discurso tão longo que os políticos usavam disso contra a gente mesmo e para continuar se omitindo ou ofertando migalhas que diante de tanto descaso pareciam grandiosas ações. E assim de migalhas em migalhas, o que eles não esperavam, foi acontecendo.

A proteção animal começou a estudar. A compreender melhor seu lugar no mundo, a investir em si mesma. Novos atores foram surgindo na academia, no judiciário, no cotidiano e daí houve um movimento de protetores que atingiram também a política.  Cada vez mais pessoas envolvidas em proteção animal tem disputado eleições. Se antes restritas ao legislativo, nestas eleições já podemos visualizar alguns protetores disputando cargos no executivo.

Só que a política tradicional percebeu o tamanho da força da proteção animal e agora parece que ficou bonito fazer fotos de campanha com cachorro no colo para garantir a empatia do público.

Vejam bem, claro que queremos que todos na política entendam a importância e a necessidade de propostas e ações positivas para os animais. Precisamos de executivos e legislativos fortes que compreendam a questão em sua profundidade sem apelos sentimentais, mas compreendendo ser uma área que necessita de políticas públicas eficientes e eficazes, orçamento próprio e organização do serviço.

E como tem muitas pessoas que vem nos perguntar em quem votar e sabemos que estas pessoas querem políticos comprometidos também com os animais eu fiz aqui um semáforo que pode valer como um guia de votação que pode fazer toda diferença lá na frente. Vamos lá?

Sinal vermelho (oportunistas da causa, pessoas sem conhecimento, surfistas na onda), nestes casos, não vote:

“Quando eleito vou recolher todos os animais da cidade, dar tratamento e adoção para todos!” (começar a política pública pela consequência é um erro fatal;

“A causa animal é um assunto importante, porém polêmico”; A causa animal é um assunto complexo, como muitos assuntos públicos também são e não é por esta razão que deve se omitir;

“Não tenho como fazer muito, porque as pessoas de outras cidades abandonam animais aqui” - desculpa esfarrapada de quem quer escorregar da responsabilidade;

“Não temos recurso!” Com a organização do orçamento e do serviço, tudo se consegue. Investir em educação que a estrutura já está pronta é um bom começo. (mas sobre isso falaremos em outro texto);

“É um problema de muitos anos, não tenho como resolver” - que tal apenas começar?

“A prefeitura vai ajudar os protetores”. Responsabilidade do poder público é PRIMÁRIA. Protetor é voluntário que já vem sofrendo há muitos anos com a omissão.

Neste grupo também se encontram os resgatadores contumazes, com vídeos para sensibilizar a população e que ninguém sabe o destino dos animais depois.

Sinal amarelo (pessoas que gostam de animais, mas não são protetores, alguns têm boa vontade, outros não), nestes casos, atenção dobrada aos sinais:

“Também sou protetor, tenho 5 cachorros” (todos de raça e comprados); não é protetor, é tutor de cachorro e o fato de gostar de cachorro não quer dizer absolutamente nada quando se fala em políticas públicas;

“Vou fazer um grande canil, canil não! Centro de recuperação para acolher os animais”; no final é canil mesmo e pára por aí;

“Tem que castrar todos os animais de rua”; aqui cabe ajustes pois falta um pouco de conhecimento sobre a dinâmica do abandono.

Sinal verde (protetores com história ou não protetores, porém estes sensíveis a questão dos animais), nestes casos, vote:

Pessoas com histórico na proteção animal (não necessariamente resgates, ok?). Mas que sempre estão presentes em audiências públicas, que divulgam ações e pedidos de protetores, que comparecem em eventos da proteção animal;

Pessoas que demonstram interesse e preocupação genuínas: buscam ouvir os protetores, tiram dúvidas, e nas câmaras, diante de algum projeto duvidoso, buscam informações.

Pessoas que falam mais em ações efetivas (como educar a população) do que em recolher animais;

Pessoas que já tiveram mandatos anteriores e apresentaram bons projetos em benefício dos animais.

Se serve de alerta fujam também daqueles com jargões como: “ninguém faz o que ele/a faz”.  A proteção animal é um universo que não cabe esta frase. Todo mundo na proteção animal, faz alguma coisa, já tivemos um texto sobre isso e é sempre importante frisar que a proteção animal é plural. Fujam de quem se apresenta como singular.

Outra questão importante! Resgatar animal não é sinônimo de que a pessoa é melhor protetora que outra que não resgata. Até porque no exercício político não é função recolher animais. Resgatar animais é uma parte de um todo mais complexo e como disse acima é atuar na consequência e não na causa.

E claro que sempre esperamos que pessoas realmente engajadas tenham sucesso nestas eleições e que cada vez mais os animais sejam protagonistas no cenário político e assim possamos construir uma sociedade mais justa para todos.

Na próxima semana vamos nos encontrar novamente com um tema para lá de especial. Eu espero você!

Não se esqueça de interagir com esta coluna!!! Sugestões de temas podem ser enviadas para [email protected]

 

 

 

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JanaínaHá 3 meses Campo do MeioÉ preciso ficar muito atento pois nessa época aparece muitos candidatos dizendo que vão solucionar o problema todo cuidado é pouco pois a proteção animal é um assunto muito delicado e para o que o poder público possa obter êxitos em suas ações é imprescindível o apoio total da população é preciso políticas públicas voltadas para proteção animal políticas públicas para defender a natureza e todas as formas de vida que nela possui parabéns Renata que Deus te proteja infinitamente gratidão
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