Américo Passos
Uma nova orientação do Ministério da Saúde divulgada neste final de semana determina que todas as vacinas contra Covid-19 devem ser utilizadas na primeira dose, não sendo necessário a retenção de 50% dos lotes para garantir a imunização na segunda dose.
Com essa alteração a cobertura vacinal pode ser ampliada para um maior quantitativo de pessoas reduzindo as faixas etárias a receberem a imunização contra a Covid-19 tendo um efeito benéfico contra a mutação do vírus.
Prof. Sinézio Inácio da Silva Júnior, professor de epidemiologia e saúde coletiva da UNIFAL-MG, diz ser simpático à inciativa do governo federal em disponibilizar todas as doses para uso como primeira dose. Dada a imediata escassez de oferta de doses essa é uma estratégia de emergência que pode colaborar para aumentar a velocidade da vacinação e cobertura vacinal.
Lembrando que com escassez de vacinas e a eficácia delas não sendo 100% para evitar a infecção, temos que explorar seu uso imediato para evitar internações e mortes (nisso, os estudos mostraram resultados muito bons), ressalta o professor.
Prof. Sinézio Júnior ressalta que população idosa deve ser prioridade na vacinação para evitar a contaminação e por consequência a ocupação de leitos/Foto: Ascom - Câmara Municipal de Alfenas
Sinézio Júnior relata que há estudos que indicam também que a primeira dose já produz uma resposta imunológica razoável. Mas, a segunda dose é necessária para o efeito maximizado da proteção vacinal, em termos de impedir infecção e impedir formas graves.
Essa estratégia de usar o estoque atual para a primeira dose é particularmente mais adequada para a vacina da Astra/Zeneca (Oxford), porque a segunda dose dela é recomendada para 3 meses depois. Assim, há mais tempo para se agilizar novos suprimentos. E o mais importante, como já falado, é usar as doses existentes estritamente na população idosa enfatiza Prof. Sinézio.
Sinézio Júnior enfatiza que é urgente cobrir a totalidade dessa população. Minas Gerais está atrasada em relação a outros estados nisso e um dos motivos foi, como já abordado, a liberalidade com que doses foram usadas para vacinar pessoas que não eram profissionais da linha de frente de controle e cuidados da pandemia.
Quanto às mutações, para amenizar seu surgimento e efeitos, é fundamental diminuir a velocidade de surgimento de novos casos e acelerar a vacinação. A gente, com essa estratégia, estaria acelerando a vacinação, mas se houver atraso da segunda dose poderemos aumentar o número de pessoas com uma contagem de anticorpos não tão alta que, mantido o ritmo alto de contágio (surgimento de novos casos), pode colaborar para o surgimento de variantes mais resistentes aos anticorpos (variantes com "escape imunológico") declara o professor.
Sinézio Júnior afirma que é importante lembrar que a velocidade de expansão de casos está se dando, muito provavelmente, por ação e disseminação da variante mais transmissível. Isso traz desafio redobrado para as medidas de prevenção. É só pensarmos, se antes estava difícil conter o contágio, agora as medidas que antes eram tomadas terão que ser reforçadas.
Superintendência Regional de Saúde
A Regional de Saúde de Alfenas respondeu aos questionamentos do O Alfenense por meio da sua assessoria de imprensa enviando um e-mail no qual descreve que:
“A partir da remessa recebida em MG no último sábado (20), a orientação do Programa Nacional de Imunização (PNI) é de que todos os imunizantes sejam utilizados como dose 1, ampliando, assim, o quantitativo da população vacinada.
A partir desta remessa a dose 2 da CoronaVac não ficará armazenada na Unidade Regional de Saúde, seguindo orientação do Ministério da Saúde.
A orientação do Estado é para que as prefeituras sigam as recomendações do Programa Nacional de Imunização (PNI) e apliquem as doses conforme público-alvo e respectivos quantitativos.
A Superintendência Regional de Saúde encaminhou aos municípios a Retificação da Nota Informativa – 6ª Versão, que pode também ser visualizada no site da SES-MG, atualizada em 20/03/2021. O documento contém todas as orientações aos municípios sobre estas mudanças e sobre os públicos-alvo.
Além disso, são feitas reuniões virtuais frequentes entre as referências técnicas da Superintendência Regional de Saúde e os municípios para orientações e esclarecimentos. A área técnica também se coloca sempre à disposição para sanar quaisquer dúvidas.
Destacamos também que referente às remessas anteriores não há doses retidas na SRS, a segunda dose de CoronaVac ficava até então armazenada na Regional e era retirada pelos municípios no período de sua aplicação, conforme o quantitativo estabelecido e divulgado para cada."
Secretaria Municipal de Saúde
Encaminhamos por meio da assessoria de imprensa da prefeitura de Alfenas alguns questionamentos sobre como será a atuação na questão da vacinação com essa nova orientação do Ministério da Saúde, mas até o fechamento da reportagem não obtivemos resposta.
Segundo o boletim INDICOVID da UNIFAL-MG (link do boletim na íntegra) que acompanha a evolução da Covid-19 no Sul de Minas e a taxa de vacinação, Alfenas imunizou somente 63% da população idosa acima de 80 anos.
Mín. 16° Máx. 27°