Por Daniel Silveira
Nestes tempos de 2025, testemunhei com grande frustração a desativação de duas obras que, em teoria, deveriam incentivar o esporte e o lazer em Alfenas: a pista de skate na avenida Jovino Fernandes Salles e a pista de XCO no alto do Jardim Aeroporto. Esses acontecimentos nos levam a uma reflexão profunda sobre como o tempo, a dedicação e os recursos públicos podem ser desperdiçados quando não há planejamento adequado e diálogo com a comunidade.
A pista de XCO (Cross-Country Olímpico) foi construída por ninguém menos que Márcio Ravelli, um ícone do mountain bike nacional e múltiplo campeão brasileiro. Tecnicamente, a estrutura era impecável, mas havia um grande problema: Alfenas não tem tradição no XCO. Nossa cidade é um celeiro do XCM (Cross-Country Marathon), uma modalidade diferente. A falta de alinhamento entre a necessidade real dos ciclistas locais e o projeto resultou em um espaço subutilizado, que acabou sendo abandonado.
Já a pista de skate seguiu um caminho semelhante. Desde sua inauguração, skatistas da cidade apontaram diversas falhas em sua concepção, que tornavam o uso do espaço inadequado para a prática do esporte. Mas, ao invés de escutar os atletas e corrigir os erros, a administração pública ignorou as críticas e seguiu em frente. O resultado? Um equipamento esportivo que nunca atendeu plenamente sua função e que, ao invés de fomentar o skate local, se tornou um problema.
Esses casos evidenciam um erro recorrente na gestão pública: a construção de obras sem planejamento técnico adequado e sem diálogo com aqueles que realmente irão utilizá-las. Esse tipo de descaso não só desperdiça dinheiro público, como também frustra as expectativas da população e desmotiva atletas e esportistas que poderiam se beneficiar desses espaços.
Além disso, há um aspecto simbólico que não pode ser ignorado: construir algo demanda tempo, esforço e investimento. No entanto, para destruir, basta uma decisão apressada. Em um momento onde se fala tanto sobre desenvolvimento sustentável, valorização do esporte e bom uso dos recursos públicos, é inadmissível que se continue jogando dinheiro fora por falta de visão e planejamento.
O que fica de lição? Que cada ação administrativa precisa ser bem pensada, dialogada e planejada. Afinal, o dinheiro público não pertence a um gestor ou a um governo, mas sim à população, que deve ser sempre ouvida antes de qualquer decisão. Alfenas merece mais respeito com seus recursos e, principalmente, com seus cidadãos.
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